segunda-feira, junho 28, 2010

As três perguntas


Esta pequena história é baseada em um conto de 1903 de um dos maiores romancistas e um dos mais importantes filósofos e reformadores sociais da Rússia, Leon Tolstoi. Uma excelente história para se refletir a respeito dessas três perguntas que abarcam a todos nós.

Era uma vez um menino chamado Nikolai que às vezes não sabia muito bem com agir. “Quero ser uma boa pessoa, mas nem sempre sei a melhor maneira de fazer isso”, dizia ele aos amigos. “Se eu conseguisse encontrar as respostas para as minhas três perguntas, eu sempre saberia o que fazer.”

Qual é o melhor momento para fazer as coisas?
Quem é mais importante?
Qual é a coisa certa a ser feita?
Os amigos de Nikolai refletiram sobre a primeira pergunta.

Então Sônia, a garça, falou:
- Para saber o melhor momento de fazer as coisas, é preciso planejar com antecedência.

Gogol, o macaco, que andava procurando entre as folhas alguma coisa para comer, disse:
- Você saberá quando fazer as coisas e observar e prestar muita atenção.

Pushkin, o cachorro, que estava descansando, se revirou e disse:
- Você não pode prestar atenção em tudo sozinho. Precisa de companheiros para vigiar e ajudá-lo a resolver quando fazer as coisas. Por exemplo: Gogol, um coco vai cair na sua cabeça.

Nikolai pensou por um instante. Depois fez sua segunda pergunta:
- Quem é mais importante?
- Quem está mais perto do céu – disse Sônia, rodopiando rumo ao céu.
- Quem sabe curar os doentes – disse Gogol, esfregando o cocoruco machucado.
- Quem faz as leis – rosnou Pushkin.

Nikolai pensou um pouco mais. Depois fez a terceira pergunta:
- Qual é a coisa certa a ser feita?
- Voar – disse Sônia.
- Divertir-se o tempo todo – riu Gogol.
- Brigar – latiu Pushkin, na mesma hora.

O menino refletiu longamente. Gostava de seus amigos. Sabia que todos tentavam fazer o possível para ajudá-lo a responder a suas perguntas. Mas suas respostas não pareciam corretas.

Então, teve uma idéia.

“Já sei, ele pensou. “Vou perguntar a Leo, a tartaruga. Ela já viveu muito tempo. Com certeza sabe responder às minhas perguntas.”

Nikolai subiu ao alto da montanha, onde a velha tartaruga morava sozinha. Ao chegar, o menino a encontrou cavoucando um jardim. A tartaruga era muito velha, e cavoucar era um serviço difícil para ela.

- Tenho três perguntas para responder e vim pedir a sua ajuda – disse Nikolai. – Qual é o melhor momento para fazer as coisas? Quem é mais importante? Qual é a coisa certa a ser feita?

Leo ouviu com atenção e sorriu. Depois continuou cavoucando.
- Você deve estar cansada – disse Nikolai, finalmente. – Deixe-me ajudá-la.

A tartaruga agradeceu e lhe entregou a pá. E, como aquele trabalho era mais fácil para o menino do que para uma velha tartaruga, Nikolai cavoucou até todas as covas estarem prontas. No entanto, assim que ele terminou, soprou uma ventania e a chuva despencou das nuvens escuras.

Enquanto caminhavam às pressas para se abrigar na casa da tartaruga, Nikolai ouviu um grito de socorro.

O menino desceu correndo por uma trilha e encontrou um panda com a perna machucada por uma árvore que tinha caído. Com todo cuidado, Nikolai levou a panda até a casa de Leo e, com um pedaço de bambu, fez uma tala para a perna dela.

A tempestade continuava, batendo nas portas e janelas. A panda acordou.
- Onde estou? – perguntou. – Onde está minha filha?

O menino saiu correndo. O rugido da tempestade era ensurdecedor. Lutando contra o vendaval e a chuva, ele avançava pela floresta. Lá encontrou a filhinha da panda, deitada no chão, tremendo de frio. A pequena panda estava encharcada e assustada, mas viva. ikolai a levou para a casa da tartaruga, a enxugou e aqueceu. Então colocou-a nos braços da mãe.

Ao ver o que Nikolai tinha feito a tartaruga sorriu.

Na manhã seguinte o sol estava quente, os passarinhos cantavam e tudo no mundo ia bem. A perna da panda tinha melhorado e ela agradeceu a Nikolai por ajudá-la e por salvar sua filhinha da tempestade.

Naquele instante, Sônia, Gogol e Pushkin chegaram para ver como iam as coisas.

Nikolai sentia uma paz muito grande em seu interior. Tinha amigos maravilhosos. E tinha salvado a panda e sua filhinha da tempestade. Mas também estava decepcionado, pois não encontrara as respostas que procurava. Então perguntou novamente a Leo.

A velha tartaruga olhou para o menino.
- Muito bem, você encontrou a resposta para suas perguntas! – ela disse.
- Como assim? – perguntou o menino.
- Ontem, se você não tivesse ficado para me ajudar a cavoucar o jardim, não teria ouvido os gritos da panda, pedindo socorro. Portanto, o melhor momento foi aquele em que você me ajudou a cavoucar o jardim. Naquele momento quem foi mais importante fui eu, e a coisa mais certa a fazer foi me ajudar. Depois, quando você encontrou a panda machucada, o momento mais importante foi aquele em que você tratou da perna dela e salvou a sua filhinha. Quem era mais importante era a panda e sua filha. E a coisa mais importante a fazer foi cuidar delas e salvá-las.

- Então lembre-se de que há só um momento mais importante, e esse momento é agora. Quem é mais importante é quem está com você. E a coisa mais certa a ser feita é fazer o bem a quem está ao seu lado. Isso responde, querido menino, às perguntas sobre o que é mais importante no mundo.

- Por isso estamos aqui.

sábado, junho 05, 2010

Precisamos tanto de fé quanto de otimismo para agir


Há uma linha tênue separando essas duas formas de acreditar. A diferença não é apenas semântica, mas prática—embora inconsciente— e saber diferenciá-las talvez, apenas talvez, evite frustrações no trabalho e na vida pessoal.

Fé é crer quando tudo indica o contrário. “Fé é dar o primeiro passo antes de ver toda a escadaria”, disse Martin Luther King.

Otimismo é crer quando você já fez certo e acredita fortemente nisso. Há uma citação de Robert Brault fantástica: “Um lápis mede aproximadamente 17cm com uma borracha de apenas 1cm para o caso de você pensar que o otimismo acabou.”

Sem entrar no aspecto religioso, pensando do ponto-de-vista antropológico, como a maioria de nós age quando temos fé? O filósofo contemporâneo John Dewey dizia que “fé é não se preocupar”. Exatadimente! Por essência, a fé é um acreditar cego, você não duvida nem contesta, tudo que tem que fazer é acreditar — e não se esquecer de agir. Você dá um passo e acredita que a fé dará mais dois por você. Não raro, a fé leva pessoas a não agir ou a fazer muito menos do que poderiam. Um exemplo trivial: pessoas dizem “se eu ganhasse na loteria…”, mas quantas apostam com frequência? Loteria é algo baseado estritamente em fé.

O otimismo é um acreditar menos transcendental, mais realista, pode-se dizer... Requer algo factual pra ser acreditado. Você acredita que entrar naquele determinado segmento, por exemplo, vai dar certo porque irá oferecer versões personalizáveis — ao contrário dos concorrentes — a um custo menor.


Diante disso, você e sua equipe trabalham duro, colhem mais dados, constroem protótipos, testam, o público aceita e o produto é lançado. Você se sente otimista e faz projeções de aumentar o faturamento da empresa em 20% nos três primeiros meses. Você está sendo otimista porque tem motivos pra acreditar nisso.

Outro exemplo é o futebol. O último colocado de um campeonato tende a jogar com base na fé, já o que está em posição líder tende a jogar com otimismo. Mais vitórias significam maior otimismo. Mais derrotas significam baixa auto-estima e a única coisa com que se pode contar é a fé.

Resumindo, a fé leva você a acreditar mais, porém a agir pouco. Enquanto o otimismo leva você a agir, acreditar, e agir mais ainda. Você pode construir subsídios que geram otimismo, mas não fé. A fé vem de dentro (algo inexplicável), o otimismo vem de fora (cenário positivo).


O melhor que podemos extrair disso tudo é que precisamos tanto de FÉ como de OTIMISMO pra obter SUCESSO, seja na área pessoal ou profissional.